Até o momento, sete vítimas já registraram boletins de ocorrência, mas a Polícia Civil acredita que o número de lesados seja bem maior. O delegado responsável afirma que a investigação continua e que os responsáveis serão ouvidos nos próximos dias.
Um grupo de produtores rurais de Araras (SP) vive um verdadeiro pesadelo. Eles registraram boletim de ocorrência contra a Cereais Bom Jesus Araras Ltda., alegando que desde agosto não recebem um centavo pela soja entregue à empresa. Segundo eles, a responsável pela cerealista simplesmente sumiu — não atende ligações, não responde mensagens e sequer apareceu na reunião marcada para tentar resolver o problema.
Para muitos, a situação já virou desespero. “Era pra eu ter recebido dia 21 de julho. Foi enrolando, enrolando… e desde setembro não consigo mais falar com ela”, contou o produtor César Fornaro, que afirma ter entregado 5.960 sacas de soja e calcula um prejuízo de mais de R$ 800 mil. “Eu trabalho só com terra arrendada. Tive que pagar tudo: arrendamento, adubo, defensivo. Não sei como continuar.”
O pequeno produtor Adilson Pereira dos Santos também ficou no prejuízo:
“São R$ 52 mil, mas para mim é muita coisa. As contas estão chegando e eu não sei o que fazer.”
PRODUTORES DESCOBRIRAM QUE O PROBLEMA ERA GERAL
Ao conversarem entre si, os agricultores perceberam que não era um caso isolado. Vários credores reclamam da mesma empresa. “Se ela não podia pagar, era só chamar a gente, conversar. Não atender telefone é má-fé”, desabafa um dos produtores.
Paulo Henrique Perin, outro prejudicado, estima perda de R$ 130 mil. Já Antônio Osmar Bonato e o filho, que trabalham em terras arrendadas, dizem que estão com medo de o dinheiro acabar antes mesmo do próximo plantio. “A gente tem que comprar semente, adubo… tive que mexer nas reservas para não parar tudo”, conta Antônio.
REPRESENTANTE DA EMPRESA ATENDEU UMA LIGAÇÃO – MAS CULPOU OS PRODUTORES
Vários produtores tentaram contato com a administradora Sônia Luvisoto, apontada como principal responsável pela cerealista — empresa registrada no nome dos filhos dela. Após inúmeras tentativas, um deles conseguiu falar com ela por telefone.
Ao invés de explicar a situação, Sônia colocou a culpa nos produtores: “Eu ia pegar valores para pagar vocês semana que vem. Mas como vocês fizeram boletim, o banco não vai mais liberar.” A fala revoltou ainda mais quem está no prejuízo.
INVESTIGAÇÃO: PREJUÍZO PODE SER AINDA MAIOR
Até o momento, sete vítimas já registraram boletins de ocorrência, mas a Polícia Civil acredita que o número de lesados seja bem maior. O delegado responsável afirma que a investigação continua e que os responsáveis serão ouvidos nos próximos dias.
A advogada da empresa, Luciene Mesquita, diz que a empresa foi vítima de grandes furtos de soja em 2020, 2021 e 2022, quando toneladas teriam sido retiradas dos silos sem que eles soubessem. Mas essa versão não convence todos os produtores.
Um deles conta que desde 2021 tenta recuperar o prejuízo: “Tinha 20 mil sacas armazenadas. Quando fui retirar, consegui só 12.800. Ela disse que acabou, que não tinha mais.” Hoje, calcula que o prejuízo atualizado chegue a R$ 600 mil a R$ 700 mil.
PRODUTORES ESTÃO SEM EXPECTATIVA
Enquanto a investigação não acaba, quem depende da agricultura para sobreviver tenta manter as contas em dia — e sem saber se algum dia verá o dinheiro de volta.
“A gente precisa comprar insumos, pagar diesel, comprar comida, remédio. A gente depende desse dinheiro”, disse um produtor.
ASSISTA AO VÍDEO:
https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/videos-jornal-da-eptv-2-edicao/video/produtores-rurais-entregam-soja-para-cerealista-de-araras-mas-nao-recebem-14109561.ghtml




